sábado, 3 de setembro de 2011

Custa-me começar este texto



Custa-me começar este texto. Pelo seu inicio. Apetecia-me verdadeiramente que cada pessoa que o lesse soubesse quem sou, a minha história os meus contos e conseguisse ver nele as minhas palavras e a minha voz. Foi também por isto que deixei de escrever á tanto tempo e me perdi do que era uma coisa que fazia bem, escrever. Até então, sabia escrever palavras doces, frases com sentido, desde então existe um acordo ortográfico que nos faz perder em “atos”, tão mais longe dos poemas que amo.
Tinha que escrever sobre isto, sobre as nossas próprias verdades, sobre os fantasmas que pairam sobre nós e em vez de certezas nos deixam apenas mais á toa e sem sentido, porque na verdade acredito que os nossos fantasmas a par dos outros, existem. Calma, nada de alarmismos, é seguro ficar. Devemos sentar-nos com eles, convida-los para tomar um chã, agora que as tardes se avizinham mais frias, devemos superar o medo, oferecer-lhes biscoitos de canela, no meu caso apreciaria chocolate, devemos fazer a conversa fluir com nós mesmos. Quem sabe melhor as verdades que norteiam a nossa vida que nós mesmos? Quem sabe melhor o que fizemos para alcançar o sabor que agora é amargo? Podem. Falar e clamar, dizer o que pensam e até mentir sobre o que somos, mas por fim, somos apenas nós que saberemos ou não viver com o que fizemos. Então, a lógica é mais fácil do pensamos, fazemos o mal, beberemos mal. Os nossos fantasmas em forma de actos ou sentimentos viverão em nós noite após noite, dia após dia . Vão rodear-nos e ficar perante nós dispostos sobre a forma que lhe quisermos dar, desde que, contudo seja alguma.
Iremos então sempre conhecer as pessoas que quisermos, amar os homens que nos chegarem ao coração, chorar por nossos filhos, odiar quem nos fez mal.
Mas a forma como o fazemos, somos nós, com os nossos poderes de humanos que vamos decidir, os fantasmas, não ficam. Vão.
Depois partiremos em busca de algo que secretamente guardamos no futuro e nos dá força. No meu caso? Colheremos cogumelos mágicos, partiremos em igual porção o que deles há-de vir, e ficaremos assim, no segredo do que nos faz ser feliz. Assim o espero.